Gestalt: A Psicologia da forma
Um dos temas centrais dessa teoria é a percepção. Os experimentos com a percepção levaram os teóricos da Gestalt ao questionamento de um princípio implícito na teoria behaviorista — que há relação de causa e efeito entre o estímulo e a resposta — porque, para os gestaltistas, entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o processo de percepção. Sendo assim, o que o indivíduo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano.
De acordo com os gestaltistas, o comportamento do homem deveria ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem uma figura (objeto).
(Fig. 1: BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Aria de Lourdes Trassi; p.79.).
Percebemos a figura 1 como um quadrado, e não como uma figura inclinada ou um perfil (figura 2), apesar de essas últimas também conterem os quatro pontos. Se forem acrescentados mais quatro pontos à figura 1, o padrão mudará, e perceberemos um círculo (figura 3). Na figura 4 é possível ver círculos brancos ou quadrados no centro das cruzes, mesmo não havendo vestígio dos seus contornos.
A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção as condições para a compreensão do comportamento humano. A maneira como percebemos um determinado estímulo irá desencadear nosso comportamento. Muitas vezes, os nossos comportamentos guardam relação estreita com os estímulos físicos, e outras, eles são completamente diferentes do esperado porque “entendemos” o ambiente de uma maneira diferente da sua realidade.
Quantas vezes já nos aconteceu de cumprimentarmos a distância uma pessoa conhecida e, ao chegarmos mais perto, depararmos com um desconhecido? Um “erro” de percepção nos levou ao comportamento de cumprimentar o desconhecido. Ocorre que, no momento em que confundimos a pessoa, estávamos “de fato” cumprimentando nosso amigo. Esta pequena confusão demonstra que a nossa percepção do estímulo (a pessoa desconhecida) naquelas condições ambientais dadas é mediatizada pela forma como interpretamos o conteúdo percebido.
Se nos elementos percebidos não há equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade, não alcançarão à boa-forma. O elemento que objetivamos compreender deve ser apresentado em aspectos básicos, que permitam a sua decodificação, ou seja, a percepção da boa-forma.
(Fig. 2: BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Ária de Lourdes Trassi; p. 80.)
O exemplo da figura 2 ilustra a noção de boa-forma. Geralmente percebemos o segmento de reta a maior que o segmento de reta b, mas, na realidade, isso é uma ilusão de ótica, já que ambos são idênticos. A maneira como se distribuem os elementos que compõem as duas figuras não apresenta equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade suficientes para garantir a boa-forma, isto é, para superar a ilusão de ótica.
O comportamento é determinado pela percepção do estímulo e, portanto, estará submetido à lei da boa-forma.
O conjunto de estímulos determinantes do comportamento é denominado meio ou meio ambiental São conhecidos dois tipos de meio: o geográfico e o comporta mental.
O meio geográfico é o meio enquanto tal, o meio físico em termos objetivos. O meio comportamental é o meio resultante da interação do indivíduo com o meio físico e implica a interpretação desse meio através das forças que regem a percepção (equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade).
Observando-se o comportamento espontâneo do cérebro durante o processo de percepção, chegou-se a elaboração de leis que regem essa faculdade de conhecer os objetos. Sendo assim, o campo psicológico é entendido como um campo de força que nos leva a procurar a boa-forma. Esse campo de força psicológico tem uma tendência que garante a busca da melhor forma possível em situações que não estão muito estruturadas. Os princípios verificados foram:
Proximidade — os elementos mais próximos tendem a ser agrupados. Na figura abaixo, vemos três colunas e não três linhas:
(Fig.3: BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Aria de Lourdes Trassi; p. 82.).
Boa Continuidade — Parte do princípio que as partes sucedem-se umas as outras com coerência. Sem quebras bruscas e ou interrupção de sua fluidez visual. Buscamos a estabilidade visual espontaneamente. O princípio da Gestalt da "boa continuidade" diz que os elementos gráficos que sugerem uma linha visual contínua tendem a agruparem-se. Mais ainda, padrões visuais com boa continuidade podem sugerir ao observador que o padrão continua além do fim do padrão propriamente dito. Ou seja, nós mentalmente "completamos" ou "pintamos" o restante do padrão.
Fechamento — ocorre uma tendência de completar os elementos faltantes da figura para garantir sua compreensão. Na figura a seguir vemos um triângulo e não alguns traços.
Portanto, a lei básica da Gestalt é explicada: Quanto melhor for a organização visual da Gestalt em (forma), facilitando a compreensão da linguagem visual, isto é, rapidez de leitura ou interpretação, maior será seu grau de pregnância. E vice-e-versa.
Referências Bibliográficas:
BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair;
TEIXEIRA, Aria de Lourdes Trassi. Psicologias: Uma introdução ao Estudo da
Psicologia. 13ª ed. Saraiva. São Paulo. 1999.
que complexidade!
ResponderExcluirO perigo mora nos fragmentos.
ResponderExcluir